Em uma medida que promete otimizar a gestão dos recursos na saúde e, principalmente, beneficiar milhões de brasileiros que aguardam por atendimento especializado, o Sistema Único de Saúde (SUS) passará a contar com o suporte da rede privada. A partir de setembro, pacientes do SUS poderão ser atendidos por planos de saúde, uma iniciativa viabilizada por um acordo inovador que converte dívidas das operadoras com o poder público em serviços para a população.
A estratégia, que integra o programa “Agora Tem Especialistas”, idealizado pelo Ministério da Saúde, cria uma nova via de acesso para quem depende exclusivamente da rede pública. Na prática, operadoras de planos de saúde que possuem débitos de ressarcimento com o SUS terão a oportunidade de quitar essas pendências oferecendo o que têm de melhor: sua estrutura de atendimento.
Inicialmente, a expectativa é que cerca de R$ 750 milhões em dívidas sejam revertidos em consultas, exames e cirurgias. Este montante, que antes era direcionado ao Fundo Nacional de Saúde, agora será aplicado de forma direta no combate a um dos maiores desafios do SUS: as longas filas de espera por especialistas.
Como vai funcionar?
O fluxo será organizado pelas secretarias de saúde estaduais e municipais, que farão a regulação dos pacientes e o encaminhamento para a rede credenciada dos planos de saúde participantes. Os critérios de encaminhamento seguirão as prioridades clínicas e a ordem da fila já existente, garantindo a equidade no processo.
As especialidades que terão prioridade neste primeiro momento do programa são aquelas com maior demanda reprimida, como cardiologia, oncologia, ortopedia, oftalmologia, ginecologia e otorrinolaringologia. A adesão das operadoras de saúde será formalizada através de um edital conjunto do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Para as operadoras, a vantagem reside na possibilidade de regularizar sua situação fiscal de uma maneira que também gera um impacto social positivo. Já para o cidadão na ponta, a esperança é a de um atendimento mais ágil e resolutivo, utilizando a capacidade instalada da rede privada para desafogar o sistema público e garantir o acesso à saúde de forma mais rápida e digna.