Uma parcela significativa da população brasileira ainda enfrenta barreiras significativas na compreensão e utilização plena da leitura e da escrita em seu dia a dia. É o que revela a pesquisa do Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (INAF) 2024, que aponta que 29% dos brasileiros com idade entre 15 e 64 anos são considerados analfabetos funcionais. Este dado alarmante, divulgado recentemente, acende um alerta sobre a persistência de desafios educacionais no país.
O conceito de analfabetismo funcional vai além da simples incapacidade de ler e escrever. Ele se refere à condição em que o indivíduo, apesar de decodificar letras e formar palavras, possui dificuldades em interpretar textos, compreender instruções, realizar cálculos simples ou utilizar a escrita de forma eficaz para se comunicar e participar plenamente da sociedade.
Os resultados do INAF 2024, realizado com uma amostra representativa da população brasileira, traçam um panorama preocupante sobre as habilidades de uma parcela considerável de jovens e adultos. Essa dificuldade em processar informações escritas e numéricas tem impactos diretos na vida dessas pessoas, limitando suas oportunidades de emprego, acesso a serviços e participação na vida cidadã.
De acordo com os dados da pesquisa, dos 29% classificados como analfabetos funcionais, a maioria (53%) é composta por homens, enquanto 47% são mulheres. Ao analisar a evolução do indicador, percebe-se que essa taxa se mantém relativamente estável em comparação com levantamentos anteriores. O Jeduca, por exemplo, aponta que o índice de analfabetismo funcional se manteve em 29% entre 2018 e 2024, demonstrando a dificuldade em superar esse desafio educacional no país.
É importante ressaltar que a pesquisa INAF classifica os participantes em diferentes níveis de alfabetismo, desde o analfabeto absoluto até o proficiente. A maior parcela da população, representando 36%, encontra-se no nível elementar, indicando uma capacidade limitada de leitura e interpretação. Apenas uma pequena parcela da população atinge os níveis mais elevados de proficiência, capazes de compreender textos complexos e realizar tarefas que exigem raciocínio elaborado.
Especialistas da área da educação apontam que diversos fatores podem contribuir para a persistência do analfabetismo funcional no Brasil, incluindo a qualidade do ensino oferecido nas diferentes etapas da educação básica, a falta de acesso à educação de qualidade para todas as camadas da população, e o impacto da pandemia de COVID-19, que resultou no fechamento de escolas e em prejuízos no aprendizado de muitos estudantes. A Agência Brasil também destaca que o analfabetismo funcional entre jovens de 15 a 29 anos apresentou um aumento, passando de 14% em 2018 para 16% em 2024, um dado que pode estar relacionado com os desafios impostos pelo período pandêmico.
Diante desse cenário, torna-se ainda mais urgente a implementação de políticas públicas eficazes que visem a melhoria da qualidade da educação em todos os níveis, desde a alfabetização até a educação de jovens e adultos. Investimentos em formação de professores, materiais didáticos adequados e programas de apoio pedagógico são cruciais para garantir que todos os brasileiros tenham a oportunidade de desenvolver as habilidades de leitura, escrita e interpretação necessárias para uma vida plena e para o desenvolvimento do país.