A transição para uma economia mais verde e sustentável tem ganhado destaque crescente no Brasil, impulsionada pela urgência das mudanças climáticas e pela vasta riqueza natural do nosso país. O debate frequentemente se concentra nas fontes de energia renovável, como a solar e a eólica, no papel da agricultura de baixo carbono e na preservação das nossas florestas. No entanto, em meio a essa discussão vital, um pilar fundamental para o sucesso dessa transformação parece estar, de certa forma, “esquecido” ou, pelo menos, não recebendo a mesma ênfase: a adaptação e a resiliência das comunidades e infraestruturas aos impactos do clima.
A transição verde não se trata apenas de substituir fontes de energia poluentes por limpas. Ela exige uma mudança sistêmica que envolva a forma como produzimos, consumimos e vivemos. E nesse contexto, a capacidade de nos adaptarmos aos eventos climáticos extremos que já estão ocorrendo, e que tendem a se intensificar, é crucial para garantir que os avanços em sustentabilidade sejam duradouros e justos.
Como apontam diversos estudos e relatórios sobre a transição energética e a sustentabilidade no Brasil, o país já enfrenta os efeitos do aumento da temperatura global, com secas mais severas em algumas regiões, inundações em outras, e eventos climáticos extremos se tornando mais frequentes e intensos. Esses impactos afetam diretamente a vida das pessoas, a produção agrícola, a infraestrutura urbana e a economia como um todo.
Nesse cenário, a construção de infraestruturas mais resilientes, capazes de suportar eventos climáticos extremos, torna-se não apenas uma necessidade, mas um pilar essencial da transição verde. Isso inclui desde o desenvolvimento de sistemas de alerta precoce eficientes até a implementação de soluções baseadas na natureza para a proteção de áreas costeiras e a gestão de recursos hídricos de forma mais sustentável.
Além disso, a adaptação das comunidades vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas é um imperativo ético e social. É preciso investir em programas de educação, capacitação e apoio para que essas populações possam se preparar e responder aos desafios ambientais, garantindo que a transição verde seja inclusiva e não acentue as desigualdades existentes.
Ao focarmos apenas na substituição das matrizes energéticas, corremos o risco de negligenciar a urgente necessidade de construir um país mais resiliente aos impactos climáticos inevitáveis. A transição verde no Brasil precisa, portanto, integrar de forma mais robusta e estratégica o pilar da adaptação e da resiliência, garantindo que os investimentos em sustentabilidade caminhem lado a lado com ações concretas para proteger a população e a infraestrutura dos desafios que já enfrentamos e dos que ainda virão.
Em nossa coluna, continuaremos a explorar os diversos aspectos da transição verde no Brasil, buscando trazer à luz todas as peças desse complexo quebra-cabeça e fomentar um debate cada vez mais informado e engajado sobre o futuro sustentável do nosso país.