O tabuleiro Ouija, envolto em mistério e controvérsia, percorreu uma trajetória intrigante desde suas origens espirituais até se tornar um sucesso de vendas e um ícone pop. Sua história mescla espiritualismo, empreendedorismo e estratégias de marketing que o consolidaram como um dos jogos de mesa mais enigmáticos e populares até hoje.
Origens Espirituais
No final do século XIX, o espiritualismo ganhava força nos Estados Unidos e na Europa. Muitas pessoas acreditavam na possibilidade de se comunicar com os mortos por meio de médiuns e sessões espíritas. Entretanto, os métodos tradicionais, como a escrita automática, eram lentos e pouco eficientes. Para agilizar esse processo, grupos espirituais começaram a utilizar tabuleiros com letras, números e palavras-chave, juntamente com um indicador deslizante chamado planchette. Esses dispositivos rudimentares serviram de inspiração para o que viria a ser conhecido como tabuleiro Ouija.
O Nascimento do Tabuleiro Ouija
Em 1890, o advogado e empresário Elijah Bond percebeu o potencial comercial desses tabuleiros e decidiu patentear a ideia. Acredita-se que, durante uma sessão com sua cunhada, Helen Peters, considerada médium, o tabuleiro teria revelado seu próprio nome: “Ouija”. Quando questionado sobre o significado, a resposta teria sido “boa sorte”. Outra teoria sugere que o nome seja uma combinação de “oui” (sim em francês) e “ja” (sim em alemão), reforçando sua função afirmativa. Independente da origem do nome, a marca “Ouija” foi registrada oficialmente em 1º de fevereiro de 1891, tornando-se uma das marcas comerciais mais antigas ainda ativas no mercado de jogos de mesa.
Ascensão Comercial e Estratégias de Marketing
Após o registro, Bond e Charles Kennard fundaram a Kennard Novelty Company para fabricar e comercializar o tabuleiro. William Fuld, funcionário da empresa, assumiu posteriormente o controle da produção e reivindicou para si a invenção do Ouija. Fuld implementou estratégias de marketing inovadoras para a época, alegando que o tabuleiro possuía “origem egípcia” e realmente permitia a comunicação com o além. Essas afirmações, embora sem fundamento científico, aumentaram o fascínio do público e impulsionaram as vendas. Durante a Primeira Guerra Mundial, a busca por respostas em tempos de incerteza levou a um aumento significativo na popularidade do Ouija, com vendas estimadas em cerca de 3 milhões de dólares em 1920, uma quantia impressionante para a época.
O Legado Duradouro do Ouija
Após a morte de Fuld em 1927, sua família continuou o negócio até 1966, quando os direitos da marca foram vendidos para a Parker Brothers, empresa renomada por jogos como Monopoly. Em 1991, a Hasbro adquiriu a Parker Brothers e, consequentemente, a marca Ouija. Atualmente, o tabuleiro é comercializado como um jogo de mesa, mantendo seu apelo místico e controverso. A marca “Ouija” permanece registrada, e a Hasbro detém os direitos exclusivos sobre o nome.
O tabuleiro Ouija transcendeu sua função original, tornando-se um fenômeno cultural que desperta curiosidade e debates sobre o sobrenatural, além de servir como exemplo de como o marketing pode transformar um objeto místico em um produto de sucesso comercial.