
Resumo
- A Justiça dos EUA concluiu que a Meta coletou ilegalmente dados de saúde do app Flo entre 2016 e 2019, violando leis de privacidade.
- Flo é um popular aplicativo de monitoramento de ciclo menstrual e gravidez.
- Segundo o júri, a coleta ocorreu via SDKs e teve fins comerciais, apesar de a Meta negar e culpar o desenvolvedor.
A Meta coletou e usou ilegalmente dados de saúde de usuárias do Flo, um popular aplicativo de monitoramento de ciclo menstrual e gravidez, para fins comerciais, concluiu um júri federal na Califórnia (EUA). Segundo o veredito, divulgado na última sexta-feira (02/08), a empresa “escutou” e gravou intencionalmente comunicações privadas no app sem o consentimento das mulheres.
O processo corre desde 2021 e acusa a big tech de usar suas ferramentas de desenvolvimento (SDKs) para interceptar informações sensíveis, como detalhes sobre o ciclo menstrual, atividade sexual e a intenção de engravidar das usuárias.
O júri entendeu que a empresa tinha conhecimento da prática e ainda assim lucrou com os dados. A Meta, entretanto, nega interesse nesse tipo de dado — embora recentemente tenha sido acusada de piratear até mesmo filmes pornográficos para treinar suas IAs.
Como a Meta coletou os dados?
De acordo com o júri, a coleta de dados acontecia por meio de um SDK integrado ao aplicativo Flo. A acusação diz que, entre novembro de 2016 e fevereiro de 2019, o Flo permitiu que Google e Meta acessassem dados privados das usuárias.
Dessa forma, sempre que uma usuária inseria informações no app — como, por exemplo, detalhes do seu ciclo e seu objetivo (engravidar, evitar gravidez, etc.) —, o Flo enviava esses dados para os servidores da Meta.
Os advogados das vítimas alegam que a dona do Facebook usava essas informações para fins comerciais, principalmente para alimentar algoritmos de publicidade. No julgamento, foram apresentadas comunicações internas da empresa que, segundo a acusação, sugerem que a Meta tinha plena consciência sobre o recebimento dos dados e seu uso para direcionar anúncios.
Além disso, a denúncia apresentou mensagens trocadas entre funcionários da Meta que pareciam zombar da natureza dos dados.
Meta culpa o desenvolvedor

Em sua defesa, a Meta argumenta que a responsabilidade pela coleta e compartilhamento dos dados é do desenvolvedor do aplicativo, neste caso, a Flo Health. A empresa de Mark Zuckerberg afirma que seus termos de serviço proíbem que desenvolvedores enviem informações sensíveis ou de saúde e que confiava que o Flo obteria o consentimento necessário de suas usuárias.
Inicialmente, o processo de fato se estendia à Flo Health — que chegou a lançar um modo anônimo em 2022 —, ao Google e à empresa de análise de dados Flurry. Todos fecharam acordos com as vítimas antes do início do julgamento, menos a Meta.
“Nós discordamos veementemente deste resultado e estamos explorando todas as opções legais”, disse um porta-voz da Meta ao site ARS Technica. “A privacidade do usuário é importante para a Meta, e é por isso que não queremos informações de saúde ou outras informações sensíveis.”
A big tech também alega que os dados recebidos eram codificados e que, sem uma “chave” de decodificação, as informações não tinham significado para a Meta. O júri não acatou os argumentos da defesa.
Com informações da ARS Technica
Meta coletou dados de ciclo menstrual e gravidez ilegalmente, conclui Justiça dos EUA